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Brahmacharya: A Arte de Ser Livre

mar 9

2 min de leitura

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Nas terras sagradas do Himalaia, onde os ventos carregavam segredos ancestrais e os rios entoavam a melodia da eternidade, vivia um jovem chamado Arya. Desde pequeno, ele se encantava com as histórias dos sábios que abandonavam o mundo em busca de algo maior — um propósito que transcendia os desejos efêmeros.


Certo dia, tomado por um vazio que não explicava, Arya buscou o Rishi Kavi, um mestre venerado que habitava uma caverna cercada por figueiras e flores silvestres.

— Mestre, meu coração está inquieto — confessou Arya, fitando os olhos serenos do sábio. — Cada desejo que satisfaço dá origem a outro, como um fogo que nunca se extingue. Como encontro paz?

O mestre sorriu e, com seu cajado, traçou um pequeno círculo na terra.

— Isso é a mente de quem persegue prazer sem sabedoria — disse ele. — Sempre girando, sem jamais repousar. O caminho que buscas chama-se Brahmacharya.


Arya franziu a testa.

— Mas Brahmacharya não é celibato? Renúncia ao prazer? Como isso me trará paz?

O sábio recolheu água de um riacho em suas mãos em concha e deixou-a escorrer lentamente entre os dedos.

— Não se trata de rejeitar a água, mas de guiá-la com sabedoria. Brahmacharya não é repressão, mas direção. É o equilíbrio, a moderação, o domínio dos impulsos para transformá-los em combustível para algo maior. Um rio sem margens se espalha e se perde. Com um curso definido, torna-se capaz de mover montanhas.


Arya meditou sobre aquelas palavras e decidiu trilhar o caminho da moderação. Ao longo dos anos, descobriu que Brahmacharya ia além da disciplina física. Era também sobre os pensamentos, as palavras, as ações.


Ele aprendeu a comer com consciência, evitando excessos. A falar apenas quando necessário, guiado por verdade e compaixão. A direcionar sua energia para criar, meditar e servir. Certa vez, ao sentir o impulso de discutir com um amigo por um mal-entendido, Arya respirou fundo, silenciou a mente e respondeu com calma. Naquele instante, percebeu que dominar a si mesmo era mais valioso que vencer qualquer disputa.


Com o tempo, ao meditar sob a mesma figueira onde encontrara o mestre, Arya sentiu algo novo. Sua mente, antes um redemoinho de desejos, estava serena — um lago tranquilo refletindo o céu.

Ele sorriu, compreendendo o verdadeiro sentido de Brahmacharya: não uma renúncia forçada, mas uma liberdade conquistada.


E assim, Arya tornou-se um mestre, pronto para guiar outros na arte do autodomínio.


Reflexão Final

Brahmacharya, um dos Yamas dos Yoga Sutras de Patanjali, é frequentemente reduzido a celibato. Mas seu alcance é vasto: trata-se de canalizar nossa energia com sabedoria, evitando os excessos que nos escravizam e buscando equilíbrio em cada aspecto da vida.

Em um mundo de notificações incessantes, redes sociais que alimentam desejos e uma cultura de multitarefa desenfreada, Brahmacharya é um convite urgente à consciência. Nos lembra que a paz não vem de ter mais, mas de ser mais.

E você, já observou onde sua energia se dispersa? Que pequeno passo pode dar hoje para direcioná-la ao que realmente importa?


Que possamos todos trilhar esse caminho de liberdade. Namaste.

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