Conta-se que há muitos e muitos milênios, quando o universo ainda era jovem e as estrelas dançavam como crianças pelo céu, Brahma, o Criador, contemplava a vastidão de seu trabalho. Sentia que a humanidade precisaria de guias espirituais — seres que ajudassem os homens a compreender o propósito mais elevado de suas existências e a caminhar na senda da verdade, da sabedoria e da compaixão. Assim, com um pensamento cheio de benevolência, Brahma criou os Saptarishis, os Sete Grandes Sábios.
Esses sete sábios eram imortais e tinham uma conexão tão profunda com a essência do universo que podiam ouvir o sussurro das estrelas e sentir a energia sutil da criação em tudo ao seu redor. Cada um deles era único, com dons e qualidades que, juntos, formavam um círculo completo de conhecimento e iluminação.
1. Atri – O Olhar da Verdade
Atri, o iluminado pelos céus, era conhecido por seu olhar profundo e por sua capacidade de ver além do véu das ilusões. Diz-se que suas meditações eram tão intensas que as energias ao seu redor vibravam com as verdades universais, revelando segredos antigos sobre a criação e a natureza.V
Asana: Padmasana (Postura de Lótus)Atri, conhecido por sua visão além das ilusões, é representado pela Padmasana, a postura de meditação clássica. Sentado em Lótus, o praticante mantém a coluna ereta, simbolizando a busca pela verdade e clareza mental. Assim como Atri, ao mergulharmos nessa postura, vemos além das distrações e alcançamos um estado de quietude que revela o verdadeiro eu.
2. Bhrigu – O Guardião das Estrelas
Bhrigu, o conhecedor das leis cósmicas, dedicou-se ao estudo das interações entre as energias dos seres e do universo. Ele foi um dos pioneiros da astrologia, estabelecendo padrões que até hoje são reverenciados como o Bhrigu Samhita. Sua conexão com os astros inspirou gerações a buscarem orientação nas estrelas.
Asana: Ardha Chandrasana (Postura da Meia-Lua)Bhrigu, que dedicou sua vida a estudar os astros e as energias cósmicas, encontra-se representado na postura da Meia-Lua. Essa postura nos conecta com a energia da lua, oferecendo equilíbrio e expansão. Ardha Chandrasana simboliza a relação de Bhrigu com o universo, lembrando-nos de que somos parte de algo muito maior e que, ao olhar para o céu, conectamo-nos com o fluxo cósmico.
3. Vashistha – O Mestre do Equilíbrio
Vashistha, o mestre da quietude, era um sábio dedicado a práticas que uniam o coração e a mente em equilíbrio perfeito. Ele foi o guru da realeza, transmitindo ensinamentos de paz e retidão. Sua influência foi tão grande que as práticas que ensinava ainda são vivas hoje no mundo do yoga, trazendo harmonia e força interior aos praticantes.
Asana: Vashisthasana (Postura do Sábio Vashistha ou Prancha Lateral)Vashistha é lembrado por sua sabedoria e equilíbrio. A Vashisthasana, nomeada em sua honra, exige força, estabilidade e alinhamento. Nessa postura, o corpo se equilibra lateralmente, representando a integração de forças opostas. Assim como o sábio Vashistha, essa postura nos ensina a encontrar equilíbrio dentro de nós mesmos, harmonizando mente e corpo.
4. Vishvamitra – O Buscador Incansável
Vishvamitra, o buscador incansável, é lembrado como um dos mais determinados dos Saptarishis. Ele era um rei que renunciou ao trono para conquistar a iluminação através de práticas e austeridades severas. Por meio de sua busca, Vishvamitra revelou ao mundo o mantra sagrado “Gayatri Mantra,” uma oração que ressoa até hoje nas práticas de yoga e meditação.
Asana: Vishvamitrasana (Postura do Sábio Vishvamitra)Vishvamitra, o rei que renunciou à sua vida para buscar a iluminação, é representado por uma postura avançada que leva seu nome. Vishvamitrasana requer força, flexibilidade e dedicação, simbolizando a determinação e o poder de Vishvamitra. Ao praticá-la, nos conectamos com a energia de superação e persistência, qualidades essenciais no caminho espiritual.
5. Gautama – O Sábio da Compaixão
Gautama, o sábio da compaixão, era famoso por sua empatia e sua conexão com todos os seres vivos. Ele ensinava o valor do respeito e da bondade e era profundamente admirado pelos animais e pela natureza. Gautama mostrava que a paz interior só é alcançada quando também há paz ao redor de nós.
Asana: Balasana (Postura da Criança)Gautama, o sábio que valorizava a bondade e a empatia, é associado ao Balasana, uma postura de descanso e introspecção. Balasana nos conecta com nossa criança interior, trazendo um estado de paz e segurança. Como Gautama, essa postura nos lembra da importância de honrar nossa conexão com a natureza e com os outros seres vivos.
6. Jamadagni – O Guardião da Disciplina
Jamadagni, o guardião da disciplina, ensinava que o caminho para a verdade requeria força de vontade e determinação. Suas lições sobre como domar os próprios desejos e paixões inspiravam aqueles que buscavam a maestria interior e a libertação do sofrimento.
Asana: Virabhadrasana (Postura do Guerreiro)Jamadagni, o sábio disciplinado, é representado pela postura do Guerreiro. Virabhadrasana exige foco e força, qualidades essenciais para vencer as batalhas interiores. Essa postura simboliza o poder da disciplina que Jamadagni ensinava: a importância de direcionar nossas energias com precisão e determinação.
7. Kashyapa – O Protetor da Diversidade
Kashyapa, o protetor da diversidade, acreditava que cada ser tinha um papel essencial no ciclo da vida. Ele era o pai das diferentes formas de vida, e seus ensinamentos ecoavam o respeito pela biodiversidade e pela harmonia entre todos os seres, lembrando que cada vida tem seu lugar na teia cósmica.
Asana: Trikonasana (Postura do Triângulo)Kashyapa, o sábio que protegia todas as formas de vida, é associado à postura do Triângulo. Em Trikonasana, o praticante expande os braços e abre o peito, simbolizando aceitação e harmonia com o mundo ao seu redor. A postura nos lembra de que todos estamos conectados e de que devemos respeitar a diversidade que sustenta a vida.
A Jornada Sem Fim dos Saptarishis
Os Saptarishis foram vistos como uma constelação no céu — a Ursa Maior — um símbolo de sua vigilância eterna sobre o mundo. Diz a tradição que, enquanto os homens dormem, os Saptarishis velam sobre nós, conduzindo almas perdidas de volta ao caminho do despertar e ajudando aqueles que buscam sabedoria a encontrá-la dentro de si mesmos. Em noites de céu claro, as estrelas da Ursa Maior parecem sussurrar segredos para aqueles que têm ouvidos atentos.
A presença dos Saptarishis no mundo continua viva através dos ensinamentos do yoga e da meditação. Cada postura, cada respiração e cada momento de silêncio são lembranças de sua orientação e de suas lições atemporais. Eles nos ensinam que o caminho do yoga é, acima de tudo, um retorno para o lar — um lar feito de paz, sabedoria e unidade com tudo que existe.